terça-feira, 28 de dezembro de 2010

De repente, senti que a pressão que estava sobre meu corpo sumiu.
Ainda mordendo os lábios, como resultado da ansiedade e do desespero, fiquei com os olhos cerrados por algum tempo.
Ouvi, ao longe, ele murmurando alguma coisa. Não sabia ao certo onde ele estava, mas permaneci quieta, quase morta sobre os lençóis, úmidos de suor, que separavam meu corpo daquele fétido e velho colchão.
Inspirei o máximo que pude, até senti um ar menos quente em meu rosto. Traguei um bocado de ar com alívio, até que veio o odor de charuto.
Não me movia há quase um minuto quando percebi que ainda tinha meu punho esquerdo fechado. Prendia, com as unhas e com os dedos contraídos, o lençol em minha mão.
Quando decidi abrir os olhos, sabia que poderia ser pior do que antes.
Ao poucos, minhas retinas foram invadidas pelo tom laranja que habitava o quarto. A janela não tinha cortinas e, pelas ausências das mesmas, pude notar que a noite já chegara, mas o sol hesitava em ir.
Quando meus recém olhos abertos puderam distinguir as silhuetas da habitacion, pude ver aquele imenso corpo, roliço, branco e coberto por pelos nas costas e nas nádegas. Grossos pelos negros cravados em um corpo em forma de barril.
Ele estava encostado com o ombro esquerdo na porta do quarto, sem pudor algum, conversando, nu, com alguém que passava pelo corredor.
E eu, eu ainda estava com as pernas abertas.
Quando tive coragem de olhar meu corpo, meus seios, barriga e a parte interna das minhas coxas estavam cobertas de pelos e suor dele! Meus seios ainda tinham o horrível cheiro da sua saliva e meus mamilos pareciam mortos!
Onde meu seio esquerdo juntava-se ao meu corpo, existia a marca feita por ele. Com a boca ele havia me sugado como um bezerro, deixando um registro roxo e vermelho daquele momento de nojo.
Aos poucos, a aura do quarto começou a mudar. Passava a ser menos pesada, mais aceitável, mais tolerante comigo. E eu permanecia quieta, por fora, naquela alcova nefasta. Por dentro, nada mais iria reconstruir minha fragmentada alma.
Quando fiz menção em levantar-me da cama, senti que um líquido denso escoria de mim entre minhas pernas. Não quis olhar, sabia o que era, mas meu instinto foi mais forte do que meu pudor.
Levantei a cabeça, olhei para o meu púbis, passei levemente os dedos no meu sexo. Meu corpo expulsava da sua intimidade o sangue e sêmen do general. Regurgitava, aos poucos, o prazer egoísta que ele obteve com minha carne.

Um comentário:

  1. Seja sempre bem vindo...Contos...encantos onde o sexo é muito mais que profano...É sagrado

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